terça-feira, 24 de abril de 2012

Problemas no trânsito revelam falência da 'cidade dormitório'


Para muitos moradores de São Paulo, o caminho de casa para o trabalho é um pesadelo. O transporte público da cidade leva 17 milhões de pessoas.


O Jornal Nacional mostrou, nesta segunda-feira (23), uma espécie de aventura urbana de duas equipes de reportagem que usaram meios de transporte diferentes para ir de um ponto a outro de São Paulo. A equipe que usou um carro precisou de dez minutos a mais do que a que usou ônibus, trem e metrô.
Foram mais de três horas de viagem. Uma amostra daquilo que milhões de trabalhadores brasileiros precisam 
enfrentar. Mas esse tempo absurdo mostra também a falência da chamada "cidade dormitório".
Jornalismo era o sonho de Ester. Mas o caminho de casa para o trabalho virou um pesadelo. Ida e volta, ela gasta seis horas no trânsito, porque não tem emprego perto de casa.
“Até trocaria dependendo da proposta”, diz.
A jornalista mora em Cidade Tiradentes, na Zona Leste de São Paulo, um exemplo de como as metrópoles brasileiras se desenvolveram separando o trabalhador do local de trabalho. A fazenda que havia na região na década de 1970 foi comprada pelas empresas de habitação do governo para realizar o projeto de um bairro dormitório.
“Esses conjuntos são construídos para famílias de baixa renda no local periférico, porque lá a terra é mais barata, já que ela é mais precária e está mais distante das oportunidades de emprego”, explica o urbanista Kazuo Nakano.
A disputa por uma vaga é grande em Cidade Tiradentes. São 46 moradores para cada emprego. Bem diferente do que acontece na Sé, no Centro de São Paulo, que oferece o maior número de oportunidades na cidade. Lá, são 28 empregos para morador. Por isso, tanta gente é obrigada a cruzar 30, 40 quilômetros de cidade toda manhã e toda noite para conseguir trabalhar.
E com dificuldade. O transporte público de São Paulo leva 17 milhões de pessoas. Outros trabalhadores circulam em mais de cinco milhões de carros.
Para dar conta de tantas viagens, a prefeitura planeja abrir avenidas em forma de anéis na cidade.
“É a saída que São Paulo vem adotando, e ela vem rapidamente sendo implementada. Mas não tanto quanto todos nós desejaríamos”, diz Laurindo Junqueira, superintendente da SPTRANS.
Para não parar, as cidades modernas estão mudando. Criam incentivos para levar empresas e empregos a bairros populosos e afastados.
“Fazer com que o cidadão tenha ao alcance dos seus pés, podendo se deslocar a pé tudo que ele precisa para as suas necessidades diárias: trabalho, lazer, cultura, esporte e saúde”, diz Oded Grajew, coordenador geral da Rede Nova São Paulo.
A empresária Nirvana Marinho vive assim: na volta para casa tem farmácia, restaurante. “Meu banco está na esquina. Minha agência jurídica, na outra esquina. Tudo pertinho.”
A pé, leva cinco minutos. Sem congestionamento, nem aperto no ônibus. “Eu chego mais cedo no trabalho, eu trabalho melhor. Seria um luxo para São Paulo e para todas as cidades”, avalia a empresária.

Um comentário:

Vitória disse...

Ainda teremos o monotrilho até 2020? até lá já vai ser para derrubar, vai estragar nosso bairro, e vão usar tanto isso na campanha, usam desde uns 5 anos atrás, um saco, porque não trazer o trem de Guaianases prá cá, é mais perto.

MultiColor Interatividade

Jornal Cidade Tiradentes

Jornal Cidade Tiradentes
Alguém neste país ainda limpa a bunda com jornal?