sexta-feira, 28 de março de 2014

30º Aniversário de Cidade Tiradentes

No Próximo dia 21 de Abril de 2014 a Cidade Tiradentes estará completando 30 Anos de sua inauguração.


Muitos eventos para comemorar estas três décadas de um desenvolvimento impar na cidade de São Paulo.
Com quase 400 mil habitantes e bem menos segundo o IBGE (pergunte a algum morador se já foi entrevistado pelo IBGE, nunca encontrei um sequer), a Cidade Tiradentes teve que lutar muito para conseguir as conquistas minguadas que chegavam por estas bandas. Segundo as memórias dos moradores antigos contadas num café organizado pelo Instituto Pombas Urbanas, tudo foi muito difícil  desde o início. Parecia um pombal, um emaranhado de prédios todos muito parecidos, as ruas eram números nos diversos setores, muitos se perdiam, não sabiam onde moravam, não se localizavam, perdidos neste fim de mundo em 1984, derramados pelo poder público, pelos desinteresses e interesses da época, segregação.
Milhares de casulos e pessoas, cada uma de um lugar.
 Famílias e agregados em número impreciso, difícil de calcular, os ocultos, os inexistentes, os maltrapilhos, os sem vida, os trabalhadores, os favelados,  os sem família, os fugidos, pobres, esperançosos, batalhadores, moradores.
Babilônia era aqui.
Tudo junto e misturado nas paredes finas da cohab, casulos e mais nada.
Mais nada.
Nada, entendeu?
Imaginem centenas de prédios enfileirados no meio de uma mata na extrema periferia leste, o mais distante de tudo e de todos, e tinha um transporte, uma caixa de ferro com rodase um precário motor que chamavam de ônibus que chegava até um determinado ponto da região, (um carma da Cidade Tiradentes que sempre teve o pior transporte de São Paulo, com os coletivos que eram tirados de circulação de outros estados e não serviam mais
Já não tinha trem em 1984, se tivesse chegariam trens de pessoas ( isso me lembra as ferrovias do holocausto), inscritos, das enchentes, dos desmoronamentos, das ruas, dos incêndios , dos baixos dos viadutos, das reintegrações, tudo que a cidade não queria, era só colocar nos trens e enviar para a Cidade Tiradentes. Ainda bem que já não haviam trens, tinha uma caixa com motor e rodas que servia como transporte coletivo, saia do Glicério e chegava num ponto aqui dos 15 quilometros quadrados  da região. Teve a Viação Tabú, teve a Fioravante com as sucatas do Rio de Janeiro, e a Cidade Tiradentes fadada a ter sempre o pior transporte de São Paulo.Viagem de 3 horas até o centro da cidade. Em quantas cidades do interior se chega em 3 horas de viagem?. Poucos ônibus, os mais velhos possíveis, a jornada diária até o trabalho sem o mínimo de conforto, em meio a barulho, fumaça, sujeira, calor de motor, banco duro e a multidão espremida em pé segurando aqueles canos semi soltos e assaltos e pedágios e o cansaço e o pouco tempo para descansar depois de 6 horas de transporte e 8 horas de trabalho. Tendo que trazer tudo o que precisasse pois quem ficava no bairro estava no deserto de coisas, só se viam pessoas e moradias, nada mais. Pão, fósforo, ovo, leite, frutas, arroz, ou seja, tudo, nada se encontrava por aqui, só pessoas prédios e o que sobrava disso, crimes e muita violência, estranhamento, miséria, fome e abandono.
30 Anos.
Telefonar em Guaianases, tinha telefone lá.Um dia alguém veio vender pão aqui, de Kombi, surgiu este comércio, já se podia comprar ovos e bebidas dos novos comerciantes motorizados, progresso, em cada esquina um boteco improvisado com sobras de madeira. Cachaça era a mercadoria onde  tinha um aglomerado de homens sedentos, onde o sangue jorrava todas as noites, violência era o tom, naquele tempo tinha neblina e bem espessa, descidas, subidas, pedágio, corpos. Rotina em Tiradentes City. E nesse caos conviviam  os bons, os que pensavam, os artistas,os solitários, os sonhadores, os voluntários,  os trabalhadores e as guerreiras, as mulheres. Aquelas que ajudaram a construir este bairro. E começaram as lutas e a revolta dos que tinham consciência do crime que os governantes fizeram com esta parcela da população.
Matéria em construção: aguarde.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Adriano Diogo fala sobre os 10 anos do Bolsa Família


Lançado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 20 de outubro de 2003, o Bolsa Família - que beneficia famílias com renda mensal de até 140 reais por pessoa - completa dez anos como o principal programa de seguridade social do País. De acordo com os dados do governo federal, o Bolsa Família contempla 13,8 milhões de famílias, beneficiando cerca de 50 milhões de pessoas, e já tirou 36 milhões de brasileiros da pobreza extrema.

Indicadores sobre repetência, desempenho dos alunos na Prova Brasil, do Censo Escolar e a relação da pobreza com a educação mostram que o Bolsa Família causou impacto positivo na educação dos beneficiários nesses 10 anos do programa. O combate à pobreza influencia diretamente na educação das crianças. Quanto maior o tempo de participação no programa de transferência de renda, menores são as taxas de abandono e de reprovação dos alunos. O programa de transferência de renda reduz a probabilidade de repetência de 14,5% para 13%. Ou seja, os alunos beneficiários têm 11% menos chances de reprovar que os outros incluídos no Cadastro Único, mas que não recebem o benefício.

Bolsa Família enfraquece o coronelismo e rompe cultura da resignação, diz socióloga ELEONORA DE LUCENA DE SÃO PAULO Dez anos após sua implantação, o Bolsa Família mudou a vida nos rincões mais pobres do país: o tradicional coronelismo perde força e a arraigada cultura da resignação está sendo abalada. A conclusão é da socióloga Walquiria Leão Rego, 67, que escreveu, com o filósofo italiano Alessandro Pinzani, "Vozes do Bolsa Família" (Editora Unesp, 248 págs., R$ 36). O livro será lançado hoje, às 19h, na Livraria da Vila do shopping Pátio Higienópolis. No local, haverá um debate mediado por Jézio Gutierre com a participação do cientista político André Singer e da socióloga Amélia Cohn. Durante cinco anos, entre 2006 e 2011, a dupla realizou entrevistas com os beneficiários do Bolsa Família e percorreu lugares como o Vale do Jequitinhonha (MG), o sertão alagoano, o interior do Maranhão, Piauí e Recife. Queriam investigar o "poder liberatório do dinheiro" provocado pelo programa. Aproveitando férias e folgas, eles pagaram do próprio bolso os custos das viagens. Sem se preocupar com estatística, a pesquisa foi qualitativa e baseada em entrevistas abertas. Professora de teoria da cidadania na Unicamp, Rego defende que o Bolsa Família "é o início de uma democratização real" do país. Nesta entrevista, ela fala dos boatos que sacudiram o programa recentemente e dos preconceitos que cercam a iniciativa: "Nossa elite é muito cruel", afirma. Folha - Como explicar o pânico recente no Bolsa Família? Qual o impacto do programa nas regiões onde a sra. pesquisou? Walquiria Leão Rego - Enorme. Basta ver que um boato fez correr um milhão de pessoas. Isso se espalha pelos radialistas de interior. Elas [as pessoas] são muito frágeis. Certamente entraram em absoluto desespero. Poderia ter gerado coisas até mais violentas. Foi de uma crueldade desmesurada. Foi espalhado o pânico entre pessoas que não têm defesa. Uma coisa foi a medida administrativa da CEF (Caixa Econômica Federal). Outra coisa é o que a policia tem que descobrir: onde começou o boato. Fiquei estupefata. Quem fez isso não tem nem compaixão. Nossa elite é muito cruel. Não estou dizendo que foi a elite, porque seria uma leviandade. Como assim? Tem uma crueldade no modo como as pessoas falam dos pobres. Daí aparecem os adolescentes que esfaqueiam mendigos e queimam índios. Há uma crueldade social, uma sociedade com desigualdades tão profundas e tão antigas. Não se olha o outro como um concidadão, mas como se fosse uma espécie de sub-humanidade. Certamente essa crueldade vem da escravidão. Nenhum país tem mais de três séculos de escravidão impunemente. Qual o impacto do Bolsa Família nas relações familiares? Ocorreram transformações nelas mesmas. De repente se ganha uma certa dignidade na vida, algo que nunca se teve, que é a regularidade de uma renda. Se ganha uma segurança maior e respeitabilidade. Houve também um impacto econômico e comercial muito grande. Elas são boas pagadoras e aprenderam a gerir o dinheiro após dez anos de experiência. Não acho que resolveu o problema. Mas é o início de uma democratização real, da democratização da democracia brasileira. É inaceitável uma pessoa se considerar um democrata e achar que não tenha nada a ver com um concidadão que esteja ali caído na rua. Essa é uma questão pública da maior importância. O Bolsa Família deveria entrar na Constituição? A constitucionalização do Bolsa Família precisava ser feita urgentemente. E a renda tem que ser maior. Esse é um programa barato, 0,5% do PIB. Acho, também, que as pessoas têm direito à renda básica. Tem que ser uma política de Estado, que nenhum governo possa dizer que não tem mais recurso. Mas qualquer política distributiva mexe com interesses poderosos. A sra. poderia explicar melhor? Isso é histórico. A elite brasileira acha que o Estado é para ela, que não pode ter esse negócio de dar dinheiro para pobre. Além de o Bolsa Família entrar na Constituição, é preciso ter outras políticas complementares, políticas culturais específicas. É preciso ter uma escola pensada para aquela população. É preciso ter outra televisão, pois essa é a pior possível, não ajuda a desfazer preconceitos. É preciso organizar um conjunto de políticas articuladas para formar cidadãos. A sra. quer dizer que a ascensão é só de consumidores? As pessoas quando saem desse nível de pobreza não se transformam só em consumidores. A gente se engana. Uma pesquisadora sobre o programa Luz para Todos, no Vale do Jequitinhonha, perguntou para um senhor o que mais o tinha impactado com a chegada da luz. A pesquisadora, com seu preconceito de classe média, já estava pronta para escrever: fui comprar uma televisão. Mas o senhor disse: 'A coisa que mais me impactou foi ver pela primeira vez o rosto dos meus filhos dormindo; eu nunca tinha visto'. Essa delicadeza... a gente se surpreende muito. O que a surpreendeu na sua pesquisa? Quando vi a alegria que sentiam de poder partilhar uma comida que era deles, que não tinha sido pedida. Não tinham passado pela humilhação de pedi-la; foram lá e compraram. Crianças que comeram macarrão com salsicha pela primeira vez. É muito preconceituoso dizer que só querem consumir. A distância entre nós é tão grande que a gente não pode imaginar. A carência lá é tão absurda. Aprendi que pode ser uma grande experiência tomar água gelada. Li que a sra. teria apurado que o Bolsa Família, ao tornar as mulheres mais independentes, estava provocando separações, uma revolução feminina. Mas não encontrei isso no livro. O que é fato? É só conhecer um pouco o país para saber que não poderia haver entre essas mulheres uma revolução feminista. É difícil para elas mudar as relações conjugais. Elas são mais autônomas com a Bolsa? São. Elas nunca tiveram dinheiro e passaram a ter, são titulares do cartão, têm a senha. Elas têm uma moralidade muito forte: compram primeiro a comida para as crianças. Depois, se sobrar, compram colchão, televisão. É ainda muito difícil falar da vida pessoal. Uma ou outra me disse que tinha vontade de se separar. Há o problema de alcoolismo. Esses processos no Brasil são muito longos. Em São Paulo é comum a separação; no sertão é incomum. A família em muitos lugares é ampliada, com sogra, mãe, cunhado vivendo muito próximos. Essa realidade não se desfaz. Mas há indícios de mudança? Indícios, sim. Certamente elas estão falando mais nesse assunto. Em 2006, não queriam falar de sentimentos privados. Em 2011, num povoado no sertão de Alagoas, me disseram que tinha havido cinco casos de separação. Perguntei as razões. Uma me disse: 'Aquela se apaixonou pelo marido da vizinha'. Perguntei para outra. Ela disse: 'Pensando bem, acho que a bolsa nos dá mais coragem'. Disso daí deduzir que há um movimento feminista, meu deus do céu, é quase cruel. Não sei se dá para fazer essa relação tão automática do Bolsa com a transformação delas em mulheres mais independentes. Certamente são mais independentes, como qualquer pessoa que não tinha nada e passa a ter uma renda. Um homem também. Mas há censuras internas, tem a religião. As coisas são muito mais espessas do que a gente imagina. O machismo é muito forte? Sim. E também dentro delas. Se o machismo é muito percebido em São Paulo, imagina quando no chamado Brasil profundo. Lá, os padrões familiares são muito rígidos. É comum se ouvir que a mulher saiu da escola porque o pai disse que ela não precisava aprender. Elas se casam muito cedo. Agora, como prevê a sociologia do dinheiro, elas estão muito contentes pela regularidade, pela estabilidade, pelo fato de poderem planejar minimamente a vida. Mas eu não avançaria numa hipótese de revolução sexual. O Bolsa Família mexeu com o coronelismo? Sim, enfraqueceu o coronelismo. O dinheiro vem no nome dela, com uma senha dela e é ela que vai ao banco; não tem que pedir para ninguém. É muito diferente se o governo entregasse o dinheiro ao prefeito. Num programa que envolve 54 milhões de pessoas, alguma coisa de vez em quando [acontece]. Mas a fraude é quase zero. O cadastro único é muito bem feito. Foi uma ação de Estado que enfraqueceu o coronelismo. Elas aprenderam a usar o 0800 e vão para o telefone público ligar para reclamar. Essa ideia de que é uma massa passiva de imbecis que não reagem é preconceito puro. E a questão eleitoral? O coronel perdeu peso porque ela adquiriu uma liberdade que não tinha. Não precisa ir ao prefeito. Pode pedir uma rua melhor, mas não comida, que era por ai que o coronelismo funcionava. Há resíduos culturais. Ela pode votar no prefeito da família tal, mas para presidente da República, não. Esses votos são do Lula? São. Até 2011, quando terminei a pesquisa, eram. Quando me perguntam por que Lula tem essa força, respondo: nunca paramos para estudar o peso da fala testemunhal. Todos sabem que ele passou fome, que é um homem do povo e que sabe o que é pobreza. A figura dele é muito forte. O lado ruim é que seja muito personalizado. Mas, também, existe uma identidade partidária, uma capilaridade do PT. Há um argumento que diz que o Bolsa Família é como uma droga que torna o lulismo imbatível nas urnas. O que a sra. acha? Isso é preconceito. A elite brasileira ignora o seu país e vai ficando dura, insensível. Sente aquele povo como sendo uma sub-humanidade. Imaginam que essas pessoas são idiotas. Por R$ 5 por mês eles compram uma parabólica usada. Cheguei uma vez numa casa e eles estavam vendo TV Senado. Perguntei o motivo. A resposta: 'A gente gosta porque tem alguma coisa para aprender'. No livro a sra. cita muitos casos de mulheres que fizeram laqueadura. Como é isso? O SUS (Sistema Único de Saúde) está fazendo a pedido delas. É o sonho maior. Aliás, outro preconceito é dizer que elas vão se encher de filhos para aumentar o Bolsa Família. É supor que sejam imbecis. O grande sonho é tomar a pílula ou fazer laqueadura. A sra. afirma que é preconceito dizer que as pessoas vão para o Bolsa Família para não trabalhar. Por quê? Nessas regiões não há emprego. Eles são chamados ocasionalmente para, por exemplo, colher feijão. É um trabalho sem nenhum direito e ganham menos que no Bolsa Família. Não há fábricas; só se vê terra cercada, com muitos eucaliptos. Os homens do Vale do Jequitinhonha vêm trabalhar aqui por salários aviltantes. Um fazendeiro disse para o meu marido que não conseguia mais homens para trabalhar por causa do Bolsa Família. Mas ele pagava R$ 20 por semana! O cara quer escravo. Paga uma miséria por um trabalho duro de 12, 16 horas, não assina carteira, é autoritário, e acha que as pessoas têm que se submeter a isso. E dizem que receber dinheiro do Estado é uma vergonha. Há vontade de deixar o Bolsa Família? Elas gostariam de ter emprego, salário, carteira assinada, férias, direitos. Há também uma pressão social. Ouvem dizer que estão acomodadas. Uma pesquisa feita em Itaboraí, no Rio de Janeiro, diz que lá elas têm vergonha de ter o cartão. São vistas como pobres coitadas que dependem do governo para viver, que são incapazes, vagabundas. Como em "Ralé", de Máximo Gorki, os pobres repetem a ideologia da elite. A miséria é muito dura. A sra. escreve que o Bolsa Família é o inicio da superação da cultura de resignação? Será? A cultura da resignação foi muito estudada e é tema da literatura: Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto, José Lins do Rego. Ela tem componente religioso: 'Deus quis assim'. E mescla elementos culturais: a espera da chuva, as promessas. Essa cultura da resignação foi rompida pelo Bolsa Família: a vida pode ser diferente, não é uma repetição. É a hipótese que eu levanto. Aparece uma coisa nova: é possível e é bom ter uma renda regular. É possível ter outra vida, não preciso ver meus filhos morrerem de fome, como minha mãe e minha vó viam. Esse sentimento de que o Brasil está vivendo uma coisa nova é muito real. Hoje se encontram negras médicas, dentistas, por causa do ProUni (Universidade para Todos). Depois de dez anos, o Bolsa Família tem mostrado que é possível melhorar de vida, aprender coisas novas. Não tem mais o 'Fabiano' [personagem de "Vidas Secas"], a vida não é tão seca mais. "VOZES DO BOLSA FAMÍLIA" AUTOR Walquiria Leão Rego e Alessandro Pinzani EDITORA Editora Unesp QUANTO R$ 36 (248 págs.) LANÇAMENTO hoje, às 19h, na Livraria da Vila - Shopping Higienópolis (av. Higienópolis, 618; tel. 0/xx/11/3660-0230) http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/06/1293113-bolsa-familia-enfraquece-o-coronelismo-e-rompe-cultura-da-resignacao-diz-sociologa.shtml

sexta-feira, 7 de março de 2014

Parabens as mulheres especiais.por serem mulheres de verdade

Parabens as mulheres especiais.por serem mulheres de verdade
100 anos da grande escritora brasileira CAROLINA MARIA DE JESUS

"Os políticos sabem que eu sou poetisa. E que o poeta enfrenta a morte quando vê o seu povo oprimido. " - Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus (Sacramento, 14 de março de 1914 — São Paulo, 13 de fevereiro de 1977) foi uma escritora brasileira.

Carolina Maria de Jesus nasceu em Minas Gerais, numa comunidade rural onde seus pais eram meeiros. Filha ilegítima de um homem que casado, foi tratada como pária durante toda a infância, e sua personalidade agressiva contribuiu para momentos difíceis pelos quais passou. Aos sete anos, a mãe de Carolina forçou-a a frequentar a escola depois que a esposa de um rico fazendeiro pagou as despesas dos estudos, para ela e para outras crianças pobres do bairro. Ela parou de frequentar a escola no segundo ano, mas aprendeu a ler e a escrever. Ela mal sabia na época que tais conhecimentos desempenhariam um papel muito importante na sua vida adulta.

A mãe de Carolina tinha dois filhos ilegítimos, o que ocasionou sua expulsão da Igreja Católica ainda era jovem. No entanto, ao longo da vida, ela foi uma católica devota, mesmo nunca tendo sido readmitida na congregação. Em seu diário, Carolina muitas vezes fez referências religiosas.

Em 1937, sua mãe morreu e ela se viu impelida a migrar para a metrópole de São Paulo. Carolina construiu sua própria casa, usando madeira, lata, papelão e qualquer coisa que pudesse encontrar. Ela saia todas as noites para coletar papel, a fim de conseguir dinheiro para sustentar a família. Quando encontrava revistas e cadernos antigos, guardava-os para escrever em suas folhas. Começou a escrever sobre seu dia-a-dia, sobre como era morar na favela. Isto aborrecia seus vizinhos, que não eram alfabetizados, e por isso se sentiam desconfortáveis por vê-la sempre escrevendo, ainda mais sobre eles.
Teve vários envolvimentos amorosos quando jovem, embora tenha se recusado a casar-se, por ter presenciado muitos casos de violência doméstica. Preferiu permanecer independente. Todos os seus três filhos eram de pais diferentes, sendo um deles um homem rico e branco. Em seu diário, ela detalha o cotidiano dos moradores da favela e, sem rodeios, descreve os fatos políticos e sociais que via. Ela escreve sobre como a pobreza e o desespero podem levar pessoas boas a trair seus princípios simplesmente para assim conseguir comida para si e suas famílias.

HISTÓRICO

O Diário de Carolina Maria de Jesus foi publicado em agosto de 1960. Ela foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, em abril de 1958. Dantas cobria a abertura de um pequeno parque municipal. Imediatamente após a cerimônia uma gangue de rua chegou e reivindicou a área, perseguindo as crianças. Dantas viu Carolina de pé na beira do local gritando "Saiam, ou eu vou colocar vocês no meu livro!" Os intrusos partiram. Dantas perguntou o que ela queria dizer com aquilo. Ela se mostrou tímida no início, mas levou-o para seu barraco e mostrou-lhe tudo. Ele pediu uma amostra pequena e correu para o jornal. A história de Carolina "eletrizou a cidade" e, em 1960, Quarto de despejo, foi publicado.

A tiragem inicial de dez mil exemplares se esgotou em uma semana (a wikipédia estrangeira diz que foram trinta mil cópias vendidas nos primeiros três dias). Embora escrito na linguagem simples e deselegante de uma pessoa sem muita instrução, seu diário foi traduzido para treze idiomas e tornou-se um best-seller na América do Norte e na Europa. Mas não foram somente fama e publicidade que Carolina ganhou com a publicação de seu diário: despertou também o desprezo e a hostilidade de seus vizinhos. "Você escreveu coisas ruins sobre mim, você fez pior do que eu fiz", gritou um vizinho bêbado. Chamavam-a de prostituta negra, que havia se tornado rica por escrever sobre a favela, mas que recusou-se a compartilhar o dinheiro. Muitas pessoas jogavam pedras e penicos cheios nela e em seus filhos. A raiva dos vizinhos também teria sido motivada pela mudança de endereço de Carolina, para uma casa de tijolos nos subúrbios, o que foi possível com os ganhos iniciais da publicação de seu diário. "Vizinhos se juntaram ao redor do caminhão e não a deixavam partir.

A filha de Carolina, Vera, afirmou em entrevista que sua mãe aspirava se tornar cantora e atriz. Além do Quarto de despejo, Carolina escreveu também Casa de Alvenaria (1961), Pedaços de fome (1963), Provérbios (1963) e Diário de bitita (1982, póstumo). Carolina de Jesus morreu em 1977, aos 62 anos. -wikipedia

negra panther

domingo, 2 de março de 2014

Escola de Samba Príncipe Negro da Cidade Tiradentes foi homenageada.

Abilio escreveu: "Trata-se do 50º aniversário da Escola, nascida no dia 23 de fevereiro de 1964, um mês e cinco dias antes do golpe militar. Embora oriundo do bairro paulistano de Vila Prudente, o Príncipe pode se considerar cumprimentado por Gilberto Gil na letra de Aquele Abraço: "O rio de janeiro, fevereiro e março / alô alô Príncipe Negro, aquele abraço!" Depois disso, no dia 31... Mas aí já é uma outra abordagem da mesma história.
E o Bloco da Nega Zilda fez a Homenagem
neste carnaval de 2014.





Veja mais: Pombas Urbanas
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Jornal Cidade Tiradentes

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Alguém neste país ainda limpa a bunda com jornal?