domingo, 15 de fevereiro de 2009

Computadores começam a chegar à periferia


Programa e-cidadania leva

Internet até Cidade Tiradentes e Prefeitura promete mais 40 centros

EDUARDO NUNOMURA

junho 2001 - na foto abaixo Milton Roberto, do Conselho Gestor recebe Marta Suplicy, a prefeita, na inauguração.

Em 1994, na época em que os brasileiros davam seus primeiros passos na Internet, o Peru inaugurava sua primeira cabine pública de acesso à rede mundial. Nesses últimos sete anos, os peruanos criaram 800 salas de uso gratuito do computador. O Brasil ensaia agora seus primeiros telecentros de informática, que começam a chegar onde mais se precisa deles: nas periferias das grandes cidades.

O computador ainda é uma novidade nas regiões carentes e vai continuar sendo por um bom tempo. Há duas semanas, porém, moradores de um conjunto residencial de Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, puderam "teclar" pela primeira vez nessa

máquina moderna. Foi aberta a primeira sala do e-cidadania, um projeto da Prefeitura que pretende criar mil telecentros pela periferia - 40 neste ano - cada um com 20 computadores.

Os moradores tiveram a chance de ensaiar bonitinho antes de a prefeita Marta Suplicy inaugurar de fato o telecentro, que fica num centro comercial desativado.Líderes comunitários comemoram a chegada dos computadores onde antes funcionavam um desmanche de carros e um ponto de consumo de drogas. A comunidade está ansiosa.

"Uma amiga minha já tem computador. Quando começa a falar o que ela faz, fico quieta, não sei o que dizer", afirma Suelen Silvia Gonçalves, de 16 anos. "Quem já tem um leva a vantagem de poder aprender em casa. Nós que não temos, precisamos sair para fazer tudo", completa Gleice Kelly Rodrigues Ferreira, de 14 anos. As duas estudantes estão entre as centenas de pessoas que já se cadastraram no telecentro. Ambas acreditam estar ali, no computador público, a boa chance de emprego no futuro.

Apartheid - Os publicitários ignoram pessoas como Suelen e Gleice e vendem a imagem de que a Internet no Brasil é um sucesso.

Não deixa de ser verdade. Há quase 10 milhões de internautas no País, 5,7% da população. Está muito abaixo dos países do Hemisfério Norte, mas entre os melhores abaixo do Equador. No entanto, só tem computador e Internet quem possui linha telefônica. "Essa é uma situação clara de 'apartheid' digital.

Só 9% dos brasileiros têm acesso aos computadores e isso é grave", afirma o coordenador do Comitê para a Democratização da Informática (CDI), Rodrigo Baggio.

Com mais de 75 mil alunos formados, 252 escolas em 17 Estados, o comitê trabalha com comunidades carentes. Os computadores doados são entregues às lideranças comunitárias, encarregadas de montar as salas. Em seis anos, nunca um computador foi roubado. O novo desafio é uma escola na unidade Febem do Tatuapé, na zona leste.

No Capão Redondo, zona sul, um projeto de telecentro do Instituto Florestan Fernandes prova que o computador tem muita utilidade. O Sampa.org montou dez salas com dez computadores e conexão rápida. As lideranças comunitárias organizam a fila de espera, sempre crescente. "Tem gente aqui que não lê nem escreve, mas sabe clicar", enfatiza o coordenador Reginaldo de Alencar.

Webdesigner - Os telecentros são de uso livre e controlado. Não se paga nada, mas tem hora para entrar e sair. A maioria já aprendeu a utilizar as salas de bate-papo virtuais. Muitos vão fazer currículo. Mas nem todos. O estudante Guilherme Luiz Stolfo, de 16 anos, por pouco não teve um computador em casa. O pai preferiu uma televisão e um aparelho de som. Nas salas do Sampa.org, em oito meses, aprendeu sozinho a fazer sites. "Descobri um novo mundo. Quero ser webdesigner", diz.

A monitora Cleide Gonçalves Ferreira, de 25 anos, é responsável por uma unidade do Sampa.org em Campo Limpo. Diretora da Associação de Moradores do Jardim Rosana, ela virou repórter do jornal Capão On-line. "A região só aparecia na mídia como o lado ruim de São Paulo. Por isso criamos uma agência de notícias virtual." Pelo site www.sampa.org, os próprios moradores, que agora têm acesso à Internet, aprendem a se conhecer melhor.

Desde o ano passado, o governo estadual vem montando os Infocentros - salas com dez computadores. O primeiro foi montado no Jardim São Luís, zona sul.

Até 2002, deverão ser 240 unidades. Estima-se que menos de 2% da população desses locais esteja conectada. Em sete unidades do Sesc na capital e duas no interior, foram criadas salas do projeto Internet Livre. São 20 computadores ligados em alta velocidade.

O primeiro telecentro foi instalado em Cidade Tiradentes, extrema zona leste da capital, em 2001. Kiminoshin Yoshida, encarregado do contato entre a Prefeitura e a população local, relata que o lugar se encontrava completamente deteriorado. “A bandidagem havia tomado conta. Era um ponto de tráfico de drogas, desmanche de carros”, lembra. A chegada do telecentro incentivou a vinda de outros serviços que revitalizaram a região. Nas redondezas, foram construídos uma padaria comunitária e um posto de saúde.

Yoshida ressalta a importância do envolvimento das comunidades beneficiadas com o projeto. Elas abraçam a causa, garantindo a manutenção e a segurança dos computadores. Todo telecentro possui um conselho gestor, formado por lideranças locais. “Elas garantem respeito e seriedade ao projeto”, justifica. Esse conselho, no entanto, não possui funções deliberativas, ou seja, não define os rumos da administração do telecentro. Todavia, aponta eventuais falhas no serviço e serve como uma ponte entre a população e a Prefeitura.

Telecentro da Zona Leste abre vagas para o curso básico de informática

30.12.2008
As inscrições para o curso que será aplicado no primeiro mês de 2009 devem ser feitas a partir do dia 5/01. Uma turma atenderá alunos de 10 a 17 anos e as outras duas usuários a partir dos 18 anos.

Introdução à Informática (a partir de 18 anos)
Período: de 12 a 23/01.
Horários: das 10h às 12h e das 16h às 18h.
Vagas: 12 por turma.

Período: de 12 a 23/01. (de 10 a 17 anos)
Horário: das 14h às 16h.
Vagas: 12.



Telecentro Cidade Tiradentes, rua Profeta Jeremias, 93, fone: 2964-3647.

Serviço: clique nos links para saber mais:http://www.softwarelivre.org/news/1568

http://www.link.estadao.com.br/index.cfm?id_conteudo=4710 - =

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Alguém neste país ainda limpa a bunda com jornal?