A Rede Municipal de Educação e a Cidade Tiradentes
Nestes dias em que uma parcela
dos professores da Rede Municipal de Educação está em greve (e não é por
salário já que o prefeito Haddad esta garantindo reajuste de 15%) circulam
panfletos sindicais descrevendo uma escola municipal que talvez exista no
Gabão, um dos países mais pobres da África, mas não na Rede Municipal de
Educação da Cidade de São Paulo. Posso afirmar isso por que sou Coordenador
Pedagógico na EMEFM Oswaldo Aranha Bandeira de Mello e aquela escola sempre
recebeu, e recebe, significativas verbas anuais destinadas a manutenção do
prédio e aquisição de material de consumo. O mesmo acontece em todas as
unidades educacionais da prefeitura na cidade de São Paulo.
Dito que não estamos no Gabão é necessário
dizer, também, que a Educação no bairro de Cidade Tiradentes não é “aquela
maravilha”, que alguns sonham, até porque maravilhas, deste tipo, não existem.
Uma das coisas que temos que atentar é que este é um bairro dos mais
periféricos e que abriga população de assalariados, logo, de renda baixa.
Muitas vezes os responsáveis por nossos alunos não tiveram oportunidade, eles
mesmos, de estudarem. Este contexto social aparece dentro da escola, na hora da
aprendizagem.
Lideranças que se preocupam
com a Educação das crianças e adolescentes, que aqui crescem, se colocam a
pensar que tipo de escola poderia ajudar os estudantes daqui: já ajudaria muito
se as unidades escolares dispusessem de todos seus professores, todos os dias
letivos. É sabido que o número de faltas dos professores, da Rede Municipal de
São Paulo, é altíssimo! Evidentemente que uma parte destas faltas decorre de
adoecimento dos professores, coisa que acontece com qualquer trabalhador. Neste
caso é necessário que se tenha professores substitutos em número suficiente
para que os pátios das escolas não fiquem abarrotados de alunos cujos
professores faltaram ao trabalho.
Alguns acham que se as
escolas mantivessem os alunos mais tempo, que as atuais cinco horas, dentro dos
prédios, as crianças e adolescentes estariam mantidos longe de vários perigos e
melhorariam seu rendimento escolar. AI, TAMBÉM EXISTEM DÚVIDAS! Nossas crianças
e adolescentes precisam da rua, do espaço público, da praça. Não devemos
aprisioná-los dentro dos muros das escolas.
Do meu ponto de vista, antes
de querermos que a escola guarde crianças e adolescentes, dentro dos limites de
seus muros, por seis, sete, oito ou nove horas, devemos querer que, nas cinco
horas atuais, haja professores que possam dar todas as aulas previstas; que
estas aulas sejam realizadas com organização e planejamento; que os professores
não esperem que alunos se interessem pelos conteúdos, mas que o principais
interessados, que os alunos aprendam, sejam os professores. Para isso o
prefeito Haddad criou o Programa Mais Educação que voltou as notas de zero a
dez, instituiu provas e boletins bimestrais, públicos e online, entre outras coisas.
Para além disso, que houvessem mais Pombas
Urbanas, mais CÉUs, mais oferta de cultura e lazer para todos. Convém lembrar
que, nestes itens, Cidade Tiradentes é bem melhor equipada que outras
periferias similares.
Samuel Firmo
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