sexta-feira, 30 de maio de 2014

Debate denuncia maus tratos nos procedimentos de parto

Debate denuncia maus tratos nos procedimentos de parto


Debatedoras denunciam sutilezas utilizadas pelos médicos, sem evidências científicas, para induzir as gestantes a realizar cesáreas; São Paulo na rede privada realizou 86% de cesáreas em 2013






Durante o debate sobre a Violência Obstétrica, realizado por iniciativa do mandato da vereadora Juliana Cardoso (PT) na Câmara Municipal na quinta-feira, dia 28 de maio, foram relatados além dos maus tratos que as mulheres sofrem no trabalho de parto as diversas sutilezas utilizadas pelos médicos, sem evidências científicas, para induzir as gestantes a realizar cesáreas.


Dados absurdos sobre a epidemia de cesáreas registrados no Brasil pautaram as intervenções no debate. De acordo com o Sinasc (Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos) em 2013 na cidade de São Paulo as maternidades da rede pública registram 34% de cesáreas, enquanto na rede privada o patamar atingiu 86%. O índice máximo de cesáreas recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 15%.


Para Ana Lucia Keunecke, vice-presidente da Artemis, organização comprometida com a promoção da autonomia feminina, o grande desafio é erradicar a violência obstétrica, evidenciada no enorme número de cesáreas desnecessárias. “A violência vai além dos xingamentos. Na rede pública, os médicos por compromissos particulares agendam cesáreas com agendamento”, comentou. “Eles ainda argumentam, sem razões médicas comprovadas, que a mulher não tem dilatação e nem passagem para o parto normal”.


Outro procedimento criticado por Ana Lucia é o uso dos fórceps em casos também desnecessários. “Para ensinar os alunos, alguns professores colocam a mulher naquela posição de frango assado [litotomia]”, disse. “Com isso a mulher vai parir o seu filho, que nasce com a marca da violência. Precisamos reciclar os profissionais da área”.


Com doutorado e professora da Faculdade de Medicina da USP, Janaína Aguiar, a prática médica não pode se resumir a eficiência técnica. “Para o parto humanizado é necessário resgatar o médico não como mero prestador de serviço, mas como parceiro que reconhece a mulher como sujeito”, afirmou. “Na formação médica, o profissional é cobrado todo dia para ser frio e não errar a lógica tecnicista. Precisamos romper para um modelo humanista, onde o médico reconheça no paciente não como mais um caso, mas um sujeito com dignidade e autonomia”.





LEI NÃO CUMPRIDA – Para a defensora pública, Ana Paula Meirelles, na esfera jurídica é difícil tipificar a violência obstétrica como crime. “Algumas questões têm que ser judicializadas, mas a solução não é a criação de mais leis para criminalizar a questão”, comentou. “Temos a lei do acompanhante, mas ela não é cumprida. Precisamos da transformação da sociedade e das pessoas para mudar esse cenário”.


A vereadora Juliana Cardoso enalteceu o trabalho das entidades e grupos que lutam pelo fim da violência obstétrica. “O principal desafio é combater a epidemia de cesáreas. E a participação popular e controle social na saúde são importantes para acompanhar as estatísticas absurdas de cesáreas”, disse. “Também precisamos implantar mais Casas de Parto na cidade e reforçar políticas para que os hospitais públicos atinjam o patamar recomendado pela OMS”.


Também participaram do debate com intervenções sobre o tema Maíra Pinheiro (Movimento Unida na Luta) Sandra Mariano, (Saúde das Mulheres Negras), Sônia Coelho, (coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres), Bianca Santana, (fundadora da Casa de Lua) e vice-presidente da Artemis — organização comprometida com a promoção da autonomia feminina.
CRÉDITO
Mozart Gomes/CMSP


Assessoria de Imprensa
Vereadora Juliana Cardoso
André Kuchar (MTb 15.513)
Telefones 3396-4315 ,  3396-4351 e 9.9172-3371

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