quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Cidade Tiradentes é destaque na 10ª Bienal de Arquitetura

X Bienal de Arquitetura de São Paulo “CIDADE: MODOS DE FAZER, MODOS DE USAR” 


 Pela primeira vez em seus 10 anos de existência, a Bienal de Arquitetura de São Paulo (12/10 a 01/12) acontece em vários espaços ao mesmo tempo. E um deles é Cidade Tiradentes, o único representante da periferia da cidade a participar do evento. O bairro também é assunto de uma exposição que, acompanhada de conversas, palestrar e oficinas, aconteceu até o final de novembro no Sesc Pompeia. Realizada há quase 40 anos pelo IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil –, a Bienal chega à sua décima edição com o tema “Cidade: Modos de Fazer, Modos de Usar”. Em depoimento à edição de outubro da Revista e, uma publicação do Sesc, o curador geral da exposição, Guilherme Wisnik, explicou que, ao espalhar-se pelos diversos espaços da Capital, a Bienal pretende “conversar com a sociedade como um todo e não apenas com uma parcela da população especializada no assunto”. A idéia é articular a Bienal em rede, deixando evidente que “todos vivemos a cidade e ninguém está de fora”, acrescentou Ana Ligia Nobre que, ao lado de Ligia Nobre, faz a curadoria adjunta do evento. Coletivos residentes Outra atitude inovadora da 10ª Bienal foi a de formar coletivos de profissionais de diferentes especialidades e deixa-los morando por um tempo em lugares determinados da cidade para, junto com a comunidade local, realizar ações que integrem os moradores a um ponto de referência importante. No caso de Cidade Tiradentes, o ponto de referência escolhido foi o Centro de Formação Cultural, o segundo maior centro cultural de São Paulo, atrás apenas do Centro Cultural Vergueiro, localizado no Paraíso. A residência no bairro de cidade Tiradentes, no leste da cidade de São Paulo, integra as atividades do projeto Modos de Colaborar. Participam os coletivos de arquitetura e urbanismo Núcleox de Arquitetura e Cultura Construtiva- NACCO (São Paulo) e Al Borde ( Equador), em parceria com o Centro de Formação Cultural de Cidade Tiradentes.
Cidade Tiradentes é um exemplo de urbanismo e produção do espaço urbano periférico em São Paulo. Abriga o maior complexo de conjuntos habitacionais da América Latina, com cerca de 40 mil unidades, a maioria delas, construídas na década de 1980 pela COHAB (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo), CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) e por grandes empreiteiras, que inclusive aproveitaram o último financiamento importante do BNH (Banco Nacional da Habitação), antes de seu fechamento. No final da década de 1970, o poder público iniciou o processo de aquisição de uma gleba de terras situada na região, que era conhecida como Fazenda Santa Etelvina, então formada por eucaliptos e trechos da Mata Atlântica. Prédios residenciais começaram a ser construídos, modificando a paisagem e local começou a ser habitado por enormes contingentes de famílias, que aguardavam na “fila” da casa própria de Companhias habitacionais. Em 30 anos, aproximadamente 330 mil pessoas foram morar na Cidade Tiradentes. O projeto é realizar uma oficina em Cachoeira das Graças, umas das comunidades da Cidade Tiradentes que ocupa uma das margens do córrego na região, vizinha ao Centro de Formação Cultural. Além de pesquisar os aspectos físicos, construtivos e históricos. O processo acontece de forma participativa da comunidade, com entendimento e opiniões do projeto arquitetônico e urbanístico. Debates sobre cidade legal e ilegal, formal e informal e as formas de construção estatal com os conjuntos habitacionais e popular com a autoconstrução. Como estratégia para envolver a população foi feito um Concurso de ideias onde foram apresentados necessidades e projetos para o local de intervenção. Este concurso teve duas frentes, a primeira propunha a ocupação da rua que liga o Centro de Formação á comunidade. E a segunda visava a apropriação do Centro de Formação Cultural. A partir das necessidades apresentadas nas reuniões foram criadas frentes de ações imediatas, médio e longo prazo. Na imediata foram definidas duas formas de atuação uma construtiva, construção de um acesso, passarela sobre o córrego, entre a comunidade e o Centro de Formação Cultural. Imagem
E a outra forma foi cultural a fim de fortalecer o Centro Cultural como equipamento urbano para comunidade. Durante três finais de semanas foi feito mutirão em que o projeto de estabelecer um percurso pela comunidade até o Centro Cultural tornando-o acessível foi executado pelos moradores. Ocorreu um evento com atividades musicais e grafiteiros locais, para encerrar as atividades na Cidade Tiradentes, que teve o objetivo de fazer que a população experimentasse a ocupação do Centro de Formação Cultural, servindo de impulso no processo de apropriação daquele espaço. Imagem http://arquiteturascontemporaneas.files.wordpress.com/2013/11/screen-shot-2013-11-25-at-10-47-39-pm.png?w=422 Essa intervenção além de resolver uma questão de acesso físico ao Centro de Formação Cultural teve também um caráter simbólico maior junto à população dando ferramentas para luta que a comunidade trava com governo em busca de acesso à terra, serviços básicos, habitação e espaços públicos. Imagem
Em dezembro de 2012 foi inaugurado o Centro de Formação Cultural de Cidade Tiradentes. O equipamento reúne atividades de cultura, lazer, esportes e formação profissional. Com espaço de 7,3 mil m², conta com biblioteca, laboratório de línguas, telecentro, cinema, sala de exposições e teatro. O espaço é uma conquista, a partir de um intenso processo de construção social, avanço inegável no histórico das ações públicas na região. Característica marcante do programa do Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, a criação de um centro de memória atende a uma reivindicação da população de um núcleo urbano que tem apenas 30 anos de implantação, nascido como cidade-dormitório. Espaço de pesquisa, acervo e documentação, o centro dedicará especial atenção às questões relativas à cultura afro-brasileira. Outro anseio da comunidade, a interface com os direitos humanos foi contemplada em uma biblioteca temática. A articulação de iniciativas voltadas à interseção entre cultura e meio ambiente visa a responder à demanda por ações de preservação dos ricos trechos de parque e mata atlântica nativa ainda presentes na região. O aprimoramento urbano, tão necessário em Cidade Tiradentes, necessita de um vetor de mobilização. A qualificação das pessoas, em especial dos jovens – grandes transformadores sociais -, permite que o processo de evolução seja percebido e valorizado.
   Fonte:http://arquiteturascontemporaneas.wordpress.com/2013/11/26/x-bienal-de-arquitetura-de-sao-paulo-sesc-pompeia-estela-tessari-serrao-e-thais-dalcin-ferreira/Leia mais: http://www.xbienaldearquitetura.org.br/

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Alguém neste país ainda limpa a bunda com jornal?