terça-feira, 23 de outubro de 2012

VAMOS CONHECER COMO FUNCIONA A SAÚDE NA CIDADE TIRADENTES


                                   Hospital Cidade Tiradentes – foto: Milton Roberto



VAMOS CONHECER COMO FUNCIONA A SAÚDE NA
CIDADE TIRADENTES

Como é a gestão dos AMAS Fazenda do Carmo e Castro Alves, vamos discutir o Pronto Atendimento Glória e o Hospital Cidade Tiradentes.

Eles fazem o mesmo serviço dentro do SUS, primeiro atendimento.
Os 4 estão sob a gestão da Organização Social Santa Marcelina
Eles não se comunicam.

Hoje nós temos três serviços que fazem a mesma função que o hospital.
Dois AMAS, o Pronto Atendimento Glória e o Pronto Socorro, e mesmo assim a emergência é falha, por falta de profissional.
Gostaria de entender como é feito o cálculo da produção das unidades.
Vamos colocar: A unidade de médico da família tem quatro equipes de profissionais, o quadro de médicos está completo, então a produção é X, eles tem que dar uma produção. Simplesmente são três médicos, fica um médico e a produção não cai, é a mesma. Como é que uma unidade com um médico só faz tudo isso?


Existe um maquiamento na saúde sobre esta questão.
Tem a questão da atenção básica que é primordial, que é assim: Os serviços não se falam, o hospital não fala com a unidade e assim vai. Só que a gestão é do Santa. Então não dá pra você passar no hospital numa emergência, o médico te encaminha para um radiologista, te dá uma guia, você é direcionado para uma unidade de saúde, fica numa fila de espera só para o médico te carimbar uma guia, colocar no sistema, ou seja, passou no hospital o SUS pagou, passou no posto o SUS pagou, então gera dupla passagem no sistema.
Então se o cidadão estiver com um problema grave, e até sair aquela especialidade já morreu.
Detectamos também que na Cidade Tiradentes as patologias estão aumentando. É o cardíaco, AVC e o Câncer, está muito alto. Se está tendo aumento na patologia a atenção básica não está funcionando.

A saúde está muito aquém do que deve ser feito.

Qual foi o discurso do Kassab e do Serra? – “Vamos entregar a gestão para a OS Santa Marcelina para ser mais dinâmico", pegou Itaim, Cidade Tiradentes e Guaianases como modelo e deu tudo para o Santa Marcelina, tanto não deu certo que eles não expandiram para o resto da cidade e com um grande agravante, o Santa Marcelina não é transparente na prestação de contas, nós não sabemos como é gasto o dinheiro da saúde na Cidade Tiradentes.
A política do governo do estado tem que enviar tudo para a OS, aquilo que está na nossa gestão vamos sucatear para que a própria população comece a falar mal, não valorizar o profissional.
O Hospital Geral de Guaianases está na mão do Estado, o Hospital de São Mateus também. O Planalto está fechado. Essa população está sem referência de atendimento, então estão sendo direcionados para a Cidade Tiradentes. Sexta, sábado, domingo, segunda, quando chegam lá não tem médico. Tem até uma listagem dizendo onde tem médico.

                               A única unidade que está funcionando é o Cidade Tiradentes.


Só que está super lotado. O SAMU e o bombeiro quando entram na regulação, eles direcionam pra cá, quando chegam eles tem que usar uma maca e enquanto não conseguem um leito para aquele paciente, aquela maca não é liberada, nas emergências que vem, eles seguram as macas.

Guaianases e São Mateus não estão fazendo o dever de casa ou seja eles não estão atendendo a sua população, está vindo tudo para cá e a população da Cidade Tiradentes não está usando o hospital, usam o Glória e os dois AMAS.

Ai eu digo: - A culpa é de quem? É culpa da OS Santa Marcelina.

Se o Ministério da Saúde fala que se o cidadão foi acolhido no hospital e se for o caso internação em 24 horas. O Santa Marcelina tem que encontrar na rede, na regulação, um leito para esse cidadão, o Santa tem que responder. Então não recebe, direciona, estamos no limite, então não dá mais.
Porque é assim.
Quando a Secretaria ou a Mídia pressionam, elas lembram que tem população e quando passa a tempestade esquecem da população.
Nós fomos chamados para uma reunião e quando pedimos documentos dizem que tudo bem, e aí quando esfria o caso, “documentos? Peçam por escrito”. E eles que pediram uma reunião conosco.









Até hoje nós discutimos a formação do Conselho de Saúde do hospital, que é uma briga nossa, porque não tem um conselho gestor no hospital, o que evitaria que muitas coisas acontecessem. Estamos brigando desde a inauguração do hospital. Não existe controle social.  Já tivemos uma luta para que a lanchonete saísse dali de perto do banheiro, era uma coisa insalubre.
É um equipamento público, é cobrado estacionamento, e terceirizado, a lanchonete era terceirizada e numa conversa que tivemos com o José Antônio perguntamos dos valores arrecadados com o estacionamento e a lanchonete que eram revertidos para onde?
Pela melhoria do hospital? Nunca mostrou, não, fica tudo aqui, e não temos como buscar essas informações, na questão da gestão, do financeiro, não temos e agora fecharam o estacionamento em frente obrigando as pessoas a estacionarem nas ruas laterais onde fica mais longe o acesso para o hospital.

Eles não são transparentes nas informações. O nosso grande problema é que os funcionários não nos encara como parceiros, pela questão que as OS faz uma pressão direta sobre eles.
Por isso que está tendo muitos erros.
Teve caso aqui na CT que só porque o funcionário teve contato foi mandado embora. Não pode ter contato com alguém do movimento. Tem funcionário que é vizinho meu e não me dá bom dia por medo de perder o emprego, por causa da pressão, existe uma pressão, tem caso até de assédio moral, de prender o funcionário ou agente comunitário e dizer, é assim e assim de porta trancada.
Onde está o sindicato? É uma questão de sindicalismo.

O gerente hoje tem que ter produção, chegar ao fim de mês atingir tal meta, só, não importa a forma de atendimento. Se não tem médico o enfermeiro vai fazer papel de médico. Quem está fazendo o procedimento médico nas unidades são os enfermeiros.
Existe começo, meio e fim.

A OS hoje é um câncer na saúde.

Na quarta feira passada uma senhora passou mal na região dos Ferroviários, foi solicitado o SAMU, que não compareceu.
Cinco horas depois a equipe de divulgação da candidatura de Senival Moura que estava na rua prestou o socorro levando de Kombi a senhora que pesava 210 quilos para o Hospital Cidade Tiradentes.













Ao chegar, depararam com uma fila de SAMUs estacionado e não entenderam o porquê de tantas viaturas paradas e a população precisando de socorro, e narram que ao pedir a ajuda de um dos funcionários das viaturas para tirar a senhora obesa da Kombi o mesmo recusou-se dizendo que não podia.

O papel do Glória hoje é de coadjuvante, tem médico, não falta médico no Glória.


                               Pronto Atendimento Glória – foto: Maria Amélia Portugal

A Organização Mundial de Saúde fala que qualquer cidadão que passa por um procedimento de consulta tem que estar com o médico por 20 minutos para avaliação, isto é garantido por lei pela OMS.
No Glória presenciei a seguinte prática: abre-se ficha e aguarda-se horas para ser chamado, depois chamam um lote de pessoas que aguardam sentados no corredor, então começa o atendimento, o ortopedista em 28 minutos atendeu 42 pessoas, é só entrar lá e sair, não pede um raio x. Isso não é saúde, não a que nós queremos. A pessoa está com dor e o médico fala que a pessoa não tem nada.
É o Glória como coadjuvante mostrando que está cumprindo a meta de atendimento à população.
Defendo que o Glória seja um Centro de Especialidades.
Fizemos três atos e houve um encaminhamento e prometeram que em junho passado seriam inaugurados 10 consultórios no Inácio Monteiro, estava tudo ok e o Wagner falou que já tinha verba e espaço. E agora em uma reunião da Supervisão falou que não vai ter mais, porque não tem mais verba, tinha e agora não tem.

Uma população de mais de 300 mil habitantes não tem um centro de especialidades, e pessoas tem que ir pro Butantã, é desumano. Nós não temos referência de oncologia, geriatria, ginecologia, não temos nefrologia. Hoje nós temos uma rede que só faz o primeiro atendimento, ainda a Casa Ser deixou de atender, tem uma médica só no sábado e só atendem os que já estavam cadastrados não pegam casos novos. Vários bairros gostariam de ter uma Casa Ser que discute sexualidade precoce, sexualidade infantil, estupro, tinha uma equipe multidisciplinar, psicólogo, psiquiatra, ginecologista e oficinas, e aí o que aconteceu?

Só tem duas unidades que não estão sob a gestão das Organizações Sociais: CTA e Casa Ser.
 O CTA discute a questão das doenças sexualmente transmissíveis e distribui preservativos (camisa de Vênus), então a OS Santa Marcelina segue os preceitos da Igreja Católica e é contra. A Casa Ser discute a reprodução In Vitro, o Santa também não pegou por causa da questão religiosa.
A Secretaria, já que o Santa não quer, resolve sucatear, então estes dois serviços estão sucateados.
Tinham um grande atendimento, agora não temos referência, a Casa Ser tinha um projeto que precisava ser contínuo para dar bons resultados e não como pronto atendimento.
Temos que discutir a questão da OS Santa Marcelina na Cidade Tiradentes, na questão do centro de especialidades que o Kassab prometeu.

Estamos querendo trazer uma UBS para Santa Etelvina, só temos 16.

Veja a defasagem: Pela OMS estamos atendendo uma para cada 20 mil habitantes, temos que ter uma referência de saúde, temos mais de 350.000. habitantes.


Essa reportagem que saiu no Jornal Agora não é um caso isolado porque essa questão do rapaz de 22 anos que faleceu foi a família que chamou a reportagem.

Ele entrou com uma pequena infecção urinária, o médico deu medicação e pediu que ele ficasse internado 2 dias para cuidar da infecção a base de antibióticos. Ficou 8 dias no pronto socorro. Ele morreu de assepsia, infecção generalizada dentro do pronto socorro.

Tem um foco de infecção hospitalar e não é caso isolado, já teve outros óbitos.
O diretor clínico Dr. Edmilson falou que havia um foco de H1N1 gripe A no hospital.

A OS que menos paga é o Santa Marcelina.

No Santa Marcelina  o ambiente é insalubre, na questão salarial é a pior OS, a que menos paga no Estado, com o mesmo dinheiro, com o mesmo contrato.
Os funcionários não podem se aproximar muito da população por correr risco de perder o emprego e tem a questão da falta de profissionais, principalmente médico.
Antes os médicos não queriam vir por que era muito violento e agora não querem vir alegando ser distante.
O Ministério da Saúde coloca que um cidadão recebido numa emergência, aquele hospital que não tiver leito para internar tem 24 horas para, na rede, na regulação encontrar um leito e o Santa Marcelina nessa parte está pecando, nos hospitais existem leitos vazios, só não existe a vontade política de negociar com o estado.

Nas unidades que tinham médico os salários eram de R$11 mil e poucos reais, o Kassab fez um incentivo e a secretaria autorizou a contratar novos médicos a R$13.600.
Como é que o médico da família vai vir ganhando R$13.600,00 se aquele que está lá ganha R$11.000? Então fizeram um movimento e os médicos pararam, deram um tiro no pé. Além dos médicos que vieram e não ficaram, mesmo com este aumento, os que estavam aqui se sentiram traídos e foram embora.

A Secretaria  Municipal de Saúde faz também um terrorismo em cima das irmãs.
O contrato da OS com a secretaria foi feito por 5 anos e não houve uma renovação e sim uma prorrogação para mais um ano.

A SPDM é outra OS que atende ainda pior. É da Escola Paulista de Medicina e estaria vindo para cá. O Einstein criou uma OS para o M’Boi Mirim.
Organização Social é igual em qualquer lugar, tem até o SECON que é uma cooperativa da construção civil que está cuidando da saúde.


Mostraram uma prestação de contas pra nós do RH do mês de junho passado e estava tudo uma maravilha, tem médico em todo lugar, só não no Prestes Maia. E quando fomos fazer um levantamento estavam todas as unidades faltando médico.
Como é que eles atingem a meta?
A Secretaria não multa e existe um contrato. Então eles maqueiam essa meta para não ser multado pela Secretaria.
Existem quatro Santa Marcelina, quatro CNPJs. São quatro contratos.
Se eu quiser pedir uma prestação de contas, tenho que pedir uma pro Glória, uma pro AMA, isso é uma forma de não ter transparência.
Você não conhece a questão do efetivo controle social, se você não conhece a gestão financeira.

Por Nilton – Membro do Conselho Popular de Saúde de Cidade Tiradentes.
Ademir Gomes – Conselheiro de Saúde, coordenador do Movimento Popular de Saúde e, ex coordenador do Conselho de Supervisão de Saúde.

Nenhum comentário:

MultiColor Interatividade

Jornal Cidade Tiradentes

Jornal Cidade Tiradentes
Alguém neste país ainda limpa a bunda com jornal?