sexta-feira, 3 de abril de 2009

A Coleta Seletiva de Lixo em São Paulo

 Publicado em 6 de junho de 2002 no Estado de São Paulo

A Prefeitura de São Paulo planeja ampliar a coleta seletiva de lixo a partir de agosto, com a entrega da primeira das nove centrais que serão operadas por cooperativas de catadores, responsáveis pela coleta, seleção e beneficiamento do lixo. A administração municipal pretende investir R$ 6,9 milhões na construção e reforma de galpões, nos equipamentos utilizados na separação do material, no transporte do lixo e na organização das cooperativas.

A coleta seletiva é apontada pelos especialistas em meio ambiente como a ação de emergência mais adequada para as condições de São Paulo. Há pelo menos dois anos, autoridades municipais, então responsáveis pelos serviços de limpeza urbana, declararam a saturação dos aterros de São João, em Sapopemba, na zona leste, e o Bandeirante, em Perus, na zona oeste. Como a capital não dispõe de outras áreas próprias para o depósito de lixo, os dois aterros continuaram recebendo diariamente 13 mil toneladas de lixo. A possibilidade de contaminação do lençol freático aumenta dia após dia nas proximidades desses aterros, o que coloca em risco a saúde pública. Do total de lixo coletado na capital (15 mil toneladas), apenas 4 toneladas (0,03%) são recolhidas de forma seletiva.

Além dos benefícios ambientais que a ampliação da coleta seletiva certamente trará para São Paulo, haverá também um amplo reflexo social, uma vez que a administração municipal resolveu incluir os catadores de material reciclável no processo. Segundo dados do pesquisador do Núcleo de Políticas e Estratégias da Universidade de São Paulo e consultor do Ministério do Meio Ambiente, Sabetai Calderoni, essa mão-de-obra que se dedica a atividade até hoje ainda considerada marginal movimenta R$ 326 milhões por ano. A coordenadora do Programa de Coleta Coletiva e Solidária da Cidade de São Paulo, Maria Inês Bertão, calcula entre 4 mil e 5 mil os catadores autônomos da capital, sendo que 1,2 mil estão organizados em 70 grupos e 2 cooperativas.

Com o apoio da Prefeitura, essas pessoas poderão contar com os benefícios e garantias das cooperativas, além dos prédios apropriados para a seleção do material recolhido. A primeira central será instalada em prédio público na Mooca. Haverá outros galpões na Vila Maria e na Vila Leopoldina, onde os próprios catadores negociarão diretamente com as empresas recicladoras, eliminando os intermediários que, freqüentemente, são os que mais lucram com o negócio.

Os especialistas estimam que São Paulo perca R$ 300 milhões por ano com o desperdício do material reciclável. Representantes da indústria de alumínio garantem que nos aterros da capital são enterrados, a cada ano, US$ 500 milhões só em recipientes que poderiam ser reciclados.

A coleta seletiva de lixo é uma ação que pode integrar com sucesso os interesses econômicos, sociais e ambientais da capital. É uma forma de incluir socialmente os catadores, assegurando estabilidade na atividade e renda; de proteger o meio ambiente; e de garantir à Prefeitura uma economia de pelo menos R$ 22 milhões nos gastos com coleta de lixo, segundo estimativa dos especialistas em limpeza pública.

fonte: www.lixo.com.br

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Alguém neste país ainda limpa a bunda com jornal?